Justin entrou no mesmo alguns
segundos depois.
-
Vou passar no hotel que estou hospedado para trocar de roupa, você se importa?
– ele perguntou me olhando de canto, apenas fiz sinal negativo com a cabeça,
minha mente estava atordoada demais para responder e ele pareceu entender que
eu não queria conversa.
A ideia de que provavelmente
encontraria meu pai depois de nove anos me parecia extremamente fascinante e
improvável ao mesmo tempo. Fiquei pensando em como ele escapara do acidente, o
corpo dele estava bem deformado e me ocorreu a ideia de que afinal poderia não
ser ele sendo enterrado. Eu queria acreditar nisso. Mas a polícia não se
confundiria a tal ponto... Ou será possível? Tinham tantos corpos para
examinar, estavam atordoados, provavelmente com pressa de ir pra casa e
descansar, a fim de esquecer aquilo... Decididamente poderia ter havido algum
engano. Mas por que ele me procurara só agora? Poderia me ver abraçando-o para
sempre, sentindo o conforto de sua proteção paternal, me dizendo que eu não
precisaria mais me prostituir e que tudo ficaria bem. Mas ao mesmo tempo queria
gritar com ele e perguntar por que não aparecera antes, dizer que vivi
inutilmente um inferno na casa dos meus tios enquanto ele estava apenas se
escondendo. Talvez estivesse sendo egoísta mas estava demasiada confusa para
ver isso. A imagem de meus pais se despedindo de mim no aeroporto me veio à
mente sem pedir permissão. Eu insistira para ir junto mas minha mãe não deixou,
e se ela pudesse falar comigo hoje tenho certeza que diria “não me arrependo do
que fiz”. Talvez se eu tivesse insistido um pouco mais ela cederia e eu teria
estado com as pessoas mais importantes pra mim nos últimos minutos das nossas
vidas, e com certeza não me arrependeria por estar morta. “Se cuide, querida.
Vemos você em breve”, foi a última frase que ouvi de meu pai. “Nós te amamos!”
minha mãe completou, quando me soltou de um longo abraço. Então, cerca de uma
hora depois, quando estava assistindo televisão com minha vizinha – que
cuidaria de mim enquanto meus pais estivessem fora -, aparece um boletim
urgente de notícias, e desde que ouvi e processei as palavras “Avião que ia em
direção a Brasil cai no mar, próximo à ilha e não há sinal de sobreviventes”
minha vida nunca mais foi a mesma. Sempre vemos coisas assim na tv mas nunca
pensamos que irá acontecer conosco, mas até que um dia o destino te prega uma
peça dessas. Minha mãe sempre dizia que quando eu fosse adolescente ela iria me
querer conhecer meus namorados e que é sempre bom andar com uma lata de spray
de pimenta na bolsa, caso ele mereça um pouco de ardência nos olhos. Contudo,
tive apenas um namorado na época entre meus 15 e 17 anos. Depois descobri que
ele me traia e terminamos. Sempre preferi ficar com os meninos, relacionamentos
sérios que davam arrepios e acho que isso ajudou no meu lance de depois dos 18
sair da casa dos meus tios e virar prostituta. Minha vida não era o que uma
pessoa poderia considerar boa, embora precisasse admitir que a vida de outras
pessoas eram muito piores que a minha. Meu pai era do tipo que sempre contava
histórias antes de dormir e se algum menino chegasse perto de mim já ficava
olhando de canto de olho, minha mãe dizia que era ciúmes mas eu não entendia.
-
Megan? Você está bem? – uma voz conhecida falou baixo, fazendo-me voltar à
realidade.
Justin havia parado o carro no
acostamento de uma avenida movimentada, alguns carros passavam e buzinavam. Sua
mão direita estava embaixo da minha, apertando-a, enquanto a esquerda se
encontrava alisando minha bochecha. Só então percebi que estava chorando feito
uma criança. Justin olhava para mim com ar preocupado.
-
Não – solucei entre o choro – Eu sinto falta deles – disse e disparei as
lágrimas novamente.
Era como se uma faca estivesse
atravessando meu peito. Só quem não tem os pais vivos poderiam ter ideia da
sensação. E nesses nove anos, fora o dia do enterro, eu não me lembro de ter
chorado por isso mais do que cinco vezes. Sempre evitava tocar no assunto e
quando o choro ameaçava sair eu fazia o máximo pra segurar, costumava dar
certo, mas dessa vez eu mal me dei conta de que queria chorar.
Justin não disse nada. Ao invés
disso, me abraçou. Demorei para acreditar no que ele fizera e retribuir o
abraço. Ele me apertava contra seu corpo como se quisesse ter feito isso faz
tempo. Seu cheiro se apoderou das minhas narinas, não usava perfume, era apenas
um cheiro bom, seu cheiro natural. Senti que o choro estava quase cessando e
deixei as últimas lágrimas escorrerem quando apertei meus olhos com força. Uma
de minhas mãos puxava Justin para mais perto de mim – se é que era possível -
pelas costas e a outra estava passeando entre seus fios macios de cabelo. Meus
soluços ainda eram presentes e logo que percebi o que estava fazendo me senti
subitamente idiota. Já estava melhor para soltar Justin mas permaneci o
abraçando por mais dois minutos, apenas para sentir nossa pele uma contra a
outra. O único som agora era de nossas respirações, a dele, calma, a minha,
ofegante.
-
Desculpe – murmurei, sem querer, em seu ouvido.
-
Tudo bem. Vai ficar tudo bem. – disse com a voz abafada, me fazendo perceber
que estava o apertando demais. Soltei-o devagar e quando já estava cada um em
seu acento limpei as lágrimas com as costas das mãos. Justin me lançou um olhar
diferente, não saberia dizer exatamente como, mas eu gostei. Ele sorriu fraco e
eu fiz o mesmo, sem mostrar os dentes.
Ninguém disse mais nada, então
Justin ligou o carro e voltamos ao caminho até seu hotel. Sentia-me mais
aliviada e sem vontade alguma de continuar pensando nos meus pais, sabia que
aquilo só me faria mal. Abaixei o vidro todo e senti a brisa forte, porém nada
fria, tocar meu rosto bruscamente. Percebi então que Justin entrava no
estacionamento de um hotel de no mínimo 15 andares, tinha um jardim na frente e
as sacadas de cada apartamento eram maiores que a sala da minha casa. Olhei
para trás e não acreditei no que via.
-
Está hospedado em um hotel de frente pra praia? – perguntei, sem querer,
parecendo incrédula.
-
Sim – ele disse como se fosse a coisa mais normal do mundo – Por quê?
-
Nada – não deixaria que ele soubesse o quão impressionada sobre sua riqueza eu
estava.
Justin estacionou o carro e saiamos,
ele veio até mim e passou um braço pelo meu pescoço, automaticamente o envolvi
pela cintura também. Começamos a caminhar e ouvi um barulho que indicava que o
carro havia sido fechado. Entramos no elevador e Justin apertou alguns botões,
na hora em que o mesmo começou a subir senti Justin me apertar mais forte
contra seu corpo de lado, a cada segundo que passava ele me segurava com mais
força.
-
Justin – disse numa voz baixa que pareceu mais um gemido.
-
Desculpe – ele relaxou o braço, ainda em volta de meu pescoço – Eu tenho
claustrofobia.
Segurei uma risada alta mas acho
que não deu muito certo pois...
-
Do que está rindo? – disse sério, sem olhar pra mim, em seguida umedeceu os
lábios.
-
Quem te viu quem te vê, Justin – disse risonha – Um homem do seu tamanho, de
sei lá, 25 anos? Cheio de tatuagem, que aparenta ser chefe de uma gangue das
mais fodas pelas atitudes, com medo de lugares pequenos? – ri novamente, dessa
vez sem tentar evitar.
-
Na verdade faz 23 anos que o chefão aqui nasceu – ele brincou, gargalhando e me
olhando pelo canto do olho.
-
Quatro anos de diferença, se eu tivesse dois a menos isso seria pedofilia.
-
Não esqueça que não estou te obrigando a nada. E com certeza já transou com
homens mais velhos, estou errado? – ele olhou pra mim.
Meu estômago se revirou no mesmo
instante que lembrei como era fazer sexo com eles. Nojento era a palavra perfeita
para essas situações.
-
Como eu imaginava... – Justin disse e sorriu, me odiei momentaneamente, eu e minha
mania de demonstrar demais – E por favor, você é ainda é uma criança, com 19
anos devia estar brincando de boneca. – ele continuava a me olhar e senti meu
rosto queimar quando sorriu pra mim.
-
Falou o adulto que tem só 4 anos a mais – disse entredentes. Meu bom humor
evaporara.
-
Posso perguntar uma coisa? Ah, já estou perguntando. Alguma vez aconteceu de
rolar sexo lésbico com você? – ele perguntou cautelosamente, como se eu pudesse
levar como uma ofensa. Não consegui conter o riso, e meu humor mudara
novamente. Justin me olhou tipo “Você é louca? Isso não tem graça”.
-
Não, Justin – sorri, meus olhos grudados nos dele – Nunca cheguei ao ponto de
passar tanta necessidade de dinheiro – ele assentiu.
-
É porque eu adoraria ver isso com meus próprios olhos, em filmes é legal mas
nada se compara à presenciar pessoalmente. Então se qualquer dia você for colar
velcro, me chame – ri do quão idiota ele era, Justin riu também.
O elevador parou, Justin tirou
os braços do meu pescoço e saiu andando na frente, eu o acompanhei me
esforçando para dar passos mais rápidos. Ele abriu uma porta e depois de eu entrar
fechou-a. Estávamos na cozinha, não era tão grande, talvez um pouco maior que a
minha, mas a sofisticação nem poderia ser comparada. Era tudo na cor prata, o
que deu um charme ao local. Fui para o outro cômodo e me deparei com a sala de
jantar. Uma mesa grande e de madeira preenchia a maior parte do espaço, atrás dela
podia-se ver um tipo de balcão com um armário junto, onde em cima encontravam-se
alguns porta-retratos e papéis. Acima deles havia um espelho grande. No canto esquerdo
dali, um mini bar tinha quatro bancos e vários vinhos pendurados. Depois de uma
bancada de mármore, tinha-se a sala. Dois sofás grandes e beges estavam postos,
com uma mesinha de centro contendo algumas revistas e um prato com uma porção
de frios e azeitonas. A televisão era LCD e estava “pregada na parede”,
enquanto abaixo dela havia uma estante baixa. Caminhei até a outra porta e me
vi dentro do quarto. A cama estava coberta por um edredom branco e ali havia
vários travesseiros da mesma cor, dois quadros estavam enfeitando a parede da
janela, um de cada lado. Ao lado da cama havia um balcão, onde em cima havia um
notebook e na sua frente uma cadeira de escritório, na parede oposta outra
televisão fora pregada. Ao lado da janela uma porta estava entreaberta, empurrando-a
um pouco cheguei à varanda. Uma banheira de hidromassagem espumava ao canto
direito, uma churrasqueira pequena estava do lado de uma mesa redonda com duas
cadeiras, dois vasos de plantas enfeitavam o ambiente.
Ouvi uma porta se fechar atrás
de mim e virei-me me lembrando de Justin.
-
Gostou? Queria ter ficado no Grand Palace’s Hotel mas eles estavam com todos os
quartos lotados – ele fez cara de desaprovação.
-
Isso aqui é o paraíso perto da minha casa – disse olhando ao redor, quando meus
olhos pararam no violão preto em cima da cama – Você toca? – perguntei apontando
pra ele.
-
Só por diversão – ele respondeu dando de ombros. Assenti.
-
Se importa de tocar pra mim? – perguntei antes que pudesse me dar conta.
-
Bem... Faz tempo que não toco pra alguém e... Eu posso treinar antes e depois
toco pra você – disse sem jeito.
-
Por favor? – perguntei fazendo cara de pidona – Só uma música. E eu não comento
com ninguém, juro – ele me olhou como se avaliasse se eu merecia ou não. Por
fim cedeu.
Justin andou até o violão e
sentou-se na cama, segurando-o como deveria. Sentei-me um pouco afastada
esperando que ele começasse. Ouvi-o pigarrear. Parecia nervoso. Umedeceu os
lábios e então começou.
- I need
you boo I gotta
see you boo And there's hearts all
over the world tonight Said
there's hearts all over the world tonight, I need you boo I gotta see you boo, And
there's hearts all over the world tonight Said there's hearts all over the world tonigh, Hey lil' mama, ooh you're
a stunner, Hot little figure, yes
you a winner, and I'm so glad to
be yours You're a class of your
own and Ooh little cutie, when you
talk to me I swear the whole world
stops, You're my sweetheart and
I'm so glad that you're mine You are one of a kind, and You mean to me what I mean to you And together baby there is nothing we won't d, 'Cause if I got you I don't need
money I don't need cars,
Girl you're my all.
Justin parou de tocar, então
não sabia ao certo como começar a falar.
-
Justin... Você... É maravilhoso! De verdade! – suspirei – Quer dizer, sua voz é
incrível, alguém já te disse isso?
-
Algumas vezes – ele sorriu olhando pro violão.
-
Já pensou em seguir carreira de cantor? – ele riu ironicamente.
-
Tá falando sério? – assenti e ele fez sinal negativo com a cabeça – O máximo
que eu conseguiria seria cantar em alguns bares.
-
Se pensar assim vai mesmo, mas se acreditar que pode ir além, você vai além.
Tudo depende de você.
-
Tanto faz – disse olhando para mim e poderia jurar que havia um pouco de
tristeza em seus olhos – Eu trabalho com meu pai cuidando de uma empresa de sabonetes
e se isso me sustenta, estou bem assim.
-
Isso é inacreditável . Do que adianta ter dinheiro continuando o trabalho do
seu pai se não está feliz assim? Vai atrás do que você gosta, tem potencial pra
ir muito longe, eu garanto.
-
Eu cantava com meus amigos em Stratford. Eu pretendia continuar. Mas meu pai
começou a implicar dizendo que isso não é uma carreira digna. Ele nunca
aceitaria.
-
Stratford? Mas de qualquer forma agora você já tem 23 anos e não precisa mais
fazer o que seu pai quer que faça.
-
Sim, fica no Canadá. Nasci e cresci lá, sai de casa pra viajar pelo mundo aos
15 anos. Meus pais até chamara a polícia mas era tarde demais, contei com a
ajuda de amigos mais velhos pra sair do país. Volto regularmente para ver como
estão as coisas mas não passo mais de três dias na casa dos meus pais. Meu pai
é o tipo que só pensa em trabalhar e minha mãe só pensa em gastar e me julgar
por qualquer coisa. É um inferno.
-
Não sei o que é pior. Não ter os pais vivos ou ter os pais vivos assim –
respirei fundo – Justin, o que acha de gravarmos um vídeo cantando alguma
música e postarmos no Youtube?
-
O que? Não! Pra que?
-
Sei lá, às vezes alguém importante vê e... Pode pelo menos pensar nisso com
carinho?
-
Posso pensar.
Sorri por ganhar sua teimosia.
-
O que acha de fazermos brigadeiro?
-
Birigadeiro? Que diabos é isso? – perguntou se levantou e indo até uma porta do
guarda-roupas, abrindo-a e fuçando nas roupas. Ri com sua pronúncia.
-
Bri-ga-de-i-ro – ele me olhou com cara de “não vou repetir” e voltou a atenção
para as roupas – É um doce brasileiro. Na verdade o melhor doce brasileiro. A melhor
coisa que eles inventaram. Já esteve no Brasil?
-
É um país que sempre quis ir, acho interessante a cultura das mulheres serem
gostosas e “sabarem” na época de “carnival”.
-
Sabia que não é educado falar de outras mulheres quando você tem uma na sua
cama? Ainda mais do jeito que eu estou? – disse e deitei-me de lado, apoiando a
cabeça na mão e piscando quando ele se virou para me olhar. Fez cara de tédio e
eu ri.
-
Megan, você não conta. Mal saiu das fraldas, pirralha – ele riu baixo e logo
parou quando sentiu o travesseiro que eu jogara bater contra sua costa. Justin
virou-se lentamente com o olhar sério, porém eu sabia que estava se segurando
para não rir – Vai se arrepender por ter feito isso.
Antes que pudesse pensar em
qualquer coisa, sai correndo, quase escorregara no tapete da sala que não
reparara que estava ali antes. Cheguei na cozinha e peguei uma frigideira que
estava secando e coloquei-a na minha frente esperando que Justin chegasse logo
atrás. Ele não veio. Passou-se um minuto.
-
Justin? Justin?! – gritei não muito alto.
Sem resposta. A preocupação
começara a me invadir. Fui andando cautelosamente até o quarto e lá estava ele,
caído perto da porta do guarda-roupa com a cabeça virada de lado. Meu coração
acelerou. E se ele tivesse tido um ataque, derrame ou algo do tipo? Será que
pensariam que eu era a culpada? Aproximei e me abaixei, vi seu peito levantar e
descer e um alívio tomou conta de mim. Independente do que fosse, ele ainda
estava vivo. Virei o rosto dele pra mim e dei batidinhas de leve, esperando que
ele acordasse.
-
Justin! Por favor! Não faça isso comigo! Acorda logo!
Num segundo que me pareceu mais
rápido que o normal, estava sendo empurrada para o lado e Justin segurava meus
pulsos, prendendo-me contra o chão. Vagabundo. Desgraçado. Filho da puta. Todos
os palavrões possíveis se passaram pela minha cabeça aquela hora, mas estava
com demasiada raiva para dizê-los. Justin sorria o tempo todo e isso me
irritava mais. Ele soltou uma de minhas mãos e levou a sua para debaixo do meu
braço, me fazendo contorcer-me em cócegas. Eu implorava para que ele parasse
como se fosse me ouvir. Parecia estar se divertindo com minha situação. Justin
começou a mexer com os dois lados e me imaginei como uma cobra rastejando no
chão para tentar se esquivar do gavião. Juntei todas as minhas forças e levei
uma de minhas mãos para seu pescoço e puxei-o bruscamente para mais perto.
Levantei um pouco a cabeça e colei nossos lábios. Eu devia ter pensado que um
beijo era a maneira perfeita de pará-lo, pois era mesmo. No mesmo instante ele parou
as mãos na minha cintura, apertando-a um pouco. Aprofundei o beijo e sem
esperar invadi sua boca com minha língua. Justin sorriu entre o beijo e mordi
seu lábio inferior. Parei o beijo e distribui selinhos curtos pela sua boca
rosada.
-
Vai fazer o doce – disse ainda com os olhos fechados, se jogando ao meu lado.
Justin estava sentado de lado
com as pernas abertas, uma cima do sofá e a outra caída, com uma lata de cerveja
na mão e olhou para mim assim que entrei em seu campo de visão.
-
Acho melhor parar de beber isso, vai fazer o brigadeiro parecer ruim.
Caminhei até ele e me sentei no
meio das suas pernas, entregando-lhe uma das colheres que estava no prato com o
brigadeiro. Justin pegou um pouco do doce enquanto eu já enchia minha colher.
Depois de provar, ficou olhando pra mim de um jeito estranho e engraçado.
-
Esse. É. O. Melhor. Doce. Do. Mundo. – disse pausadamente como se estivesse em
transe.
-
Eu te disse! – falei num tom pouco elevado.
Justin e eu enchemos a colher
até acabar. Deixei o prato na pia e voltei a sentar no mesmo lugar. Deitei
minha cabeça em seu ombro e prestei atenção no que passava na tv. Jogo de
basquete. Justin me deu um beijo na bochecha demorado e em seguida cheirou meu
pescoço, fazendo minha espinha arrepiar-se. Ele percebeu pois sorriu com o
efeito.
-
Você é a primeira pessoa que me ouve tocar depois de três anos – disse enquanto
alisava fios do meu cabelo.
-
Por que parou? – perguntei com a voz rouca.
-
Vi que não me levaria a lugar algum. Só não consigo me desfazer do violão. Foi
o primeiro que eu tive.
-
Justin – levantei a cabeça e olhei em seus olhos, estavam da mesma cor de mel
de sempre – Eu acredito em você. Acredito que tenha capacidade. Se algum dia
achar que não, me chame e eu falo de novo e de novo e de novo se necessário.
Você só precisa acreditar em você mesmo.
-
Obrigado – ele sorriu mostrando todos os dentes.
-
Seu sorriso é lindo, alguém já te disse? – falei olhando para sua boca.
Justin sorriu mais que antes,
mesmo que eu não acreditasse ser possível.
-
O seu também é. Aliás, você é linda. – senti minhas bochechas corarem. Justin
beijou-as novamente e riu fraco.
Encostei novamente a cabeça em
seu ombro e respirei fundo. Era bom ficar assim. Era bom estar com ele.
Continua...
Espero que gostem, beijo.