segunda-feira, 29 de julho de 2013

She Will Be Loved - Eu tenho claustrofobia

                Justin entrou no mesmo alguns segundos depois.
- Vou passar no hotel que estou hospedado para trocar de roupa, você se importa? – ele perguntou me olhando de canto, apenas fiz sinal negativo com a cabeça, minha mente estava atordoada demais para responder e ele pareceu entender que eu não queria conversa.
                A ideia de que provavelmente encontraria meu pai depois de nove anos me parecia extremamente fascinante e improvável ao mesmo tempo. Fiquei pensando em como ele escapara do acidente, o corpo dele estava bem deformado e me ocorreu a ideia de que afinal poderia não ser ele sendo enterrado. Eu queria acreditar nisso. Mas a polícia não se confundiria a tal ponto... Ou será possível? Tinham tantos corpos para examinar, estavam atordoados, provavelmente com pressa de ir pra casa e descansar, a fim de esquecer aquilo... Decididamente poderia ter havido algum engano. Mas por que ele me procurara só agora? Poderia me ver abraçando-o para sempre, sentindo o conforto de sua proteção paternal, me dizendo que eu não precisaria mais me prostituir e que tudo ficaria bem. Mas ao mesmo tempo queria gritar com ele e perguntar por que não aparecera antes, dizer que vivi inutilmente um inferno na casa dos meus tios enquanto ele estava apenas se escondendo. Talvez estivesse sendo egoísta mas estava demasiada confusa para ver isso. A imagem de meus pais se despedindo de mim no aeroporto me veio à mente sem pedir permissão. Eu insistira para ir junto mas minha mãe não deixou, e se ela pudesse falar comigo hoje tenho certeza que diria “não me arrependo do que fiz”. Talvez se eu tivesse insistido um pouco mais ela cederia e eu teria estado com as pessoas mais importantes pra mim nos últimos minutos das nossas vidas, e com certeza não me arrependeria por estar morta. “Se cuide, querida. Vemos você em breve”, foi a última frase que ouvi de meu pai. “Nós te amamos!” minha mãe completou, quando me soltou de um longo abraço. Então, cerca de uma hora depois, quando estava assistindo televisão com minha vizinha – que cuidaria de mim enquanto meus pais estivessem fora -, aparece um boletim urgente de notícias, e desde que ouvi e processei as palavras “Avião que ia em direção a Brasil cai no mar, próximo à ilha e não há sinal de sobreviventes” minha vida nunca mais foi a mesma. Sempre vemos coisas assim na tv mas nunca pensamos que irá acontecer conosco, mas até que um dia o destino te prega uma peça dessas. Minha mãe sempre dizia que quando eu fosse adolescente ela iria me querer conhecer meus namorados e que é sempre bom andar com uma lata de spray de pimenta na bolsa, caso ele mereça um pouco de ardência nos olhos. Contudo, tive apenas um namorado na época entre meus 15 e 17 anos. Depois descobri que ele me traia e terminamos. Sempre preferi ficar com os meninos, relacionamentos sérios que davam arrepios e acho que isso ajudou no meu lance de depois dos 18 sair da casa dos meus tios e virar prostituta. Minha vida não era o que uma pessoa poderia considerar boa, embora precisasse admitir que a vida de outras pessoas eram muito piores que a minha. Meu pai era do tipo que sempre contava histórias antes de dormir e se algum menino chegasse perto de mim já ficava olhando de canto de olho, minha mãe dizia que era ciúmes mas eu não entendia.
- Megan? Você está bem? – uma voz conhecida falou baixo, fazendo-me voltar à realidade.   
                Justin havia parado o carro no acostamento de uma avenida movimentada, alguns carros passavam e buzinavam. Sua mão direita estava embaixo da minha, apertando-a, enquanto a esquerda se encontrava alisando minha bochecha. Só então percebi que estava chorando feito uma criança. Justin olhava para mim com ar preocupado.
- Não – solucei entre o choro – Eu sinto falta deles – disse e disparei as lágrimas novamente.
                Era como se uma faca estivesse atravessando meu peito. Só quem não tem os pais vivos poderiam ter ideia da sensação. E nesses nove anos, fora o dia do enterro, eu não me lembro de ter chorado por isso mais do que cinco vezes. Sempre evitava tocar no assunto e quando o choro ameaçava sair eu fazia o máximo pra segurar, costumava dar certo, mas dessa vez eu mal me dei conta de que queria chorar.
                Justin não disse nada. Ao invés disso, me abraçou. Demorei para acreditar no que ele fizera e retribuir o abraço. Ele me apertava contra seu corpo como se quisesse ter feito isso faz tempo. Seu cheiro se apoderou das minhas narinas, não usava perfume, era apenas um cheiro bom, seu cheiro natural. Senti que o choro estava quase cessando e deixei as últimas lágrimas escorrerem quando apertei meus olhos com força. Uma de minhas mãos puxava Justin para mais perto de mim – se é que era possível - pelas costas e a outra estava passeando entre seus fios macios de cabelo. Meus soluços ainda eram presentes e logo que percebi o que estava fazendo me senti subitamente idiota. Já estava melhor para soltar Justin mas permaneci o abraçando por mais dois minutos, apenas para sentir nossa pele uma contra a outra. O único som agora era de nossas respirações, a dele, calma, a minha, ofegante.
- Desculpe – murmurei, sem querer, em seu ouvido.
- Tudo bem. Vai ficar tudo bem. – disse com a voz abafada, me fazendo perceber que estava o apertando demais. Soltei-o devagar e quando já estava cada um em seu acento limpei as lágrimas com as costas das mãos. Justin me lançou um olhar diferente, não saberia dizer exatamente como, mas eu gostei. Ele sorriu fraco e eu fiz o mesmo, sem mostrar os dentes.
                Ninguém disse mais nada, então Justin ligou o carro e voltamos ao caminho até seu hotel. Sentia-me mais aliviada e sem vontade alguma de continuar pensando nos meus pais, sabia que aquilo só me faria mal. Abaixei o vidro todo e senti a brisa forte, porém nada fria, tocar meu rosto bruscamente. Percebi então que Justin entrava no estacionamento de um hotel de no mínimo 15 andares, tinha um jardim na frente e as sacadas de cada apartamento eram maiores que a sala da minha casa. Olhei para trás e não acreditei no que via.
- Está hospedado em um hotel de frente pra praia? – perguntei, sem querer, parecendo incrédula.
- Sim – ele disse como se fosse a coisa mais normal do mundo – Por quê?
- Nada – não deixaria que ele soubesse o quão impressionada sobre sua riqueza eu estava.
                Justin estacionou o carro e saiamos, ele veio até mim e passou um braço pelo meu pescoço, automaticamente o envolvi pela cintura também. Começamos a caminhar e ouvi um barulho que indicava que o carro havia sido fechado. Entramos no elevador e Justin apertou alguns botões, na hora em que o mesmo começou a subir senti Justin me apertar mais forte contra seu corpo de lado, a cada segundo que passava ele me segurava com mais força.
- Justin – disse numa voz baixa que pareceu mais um gemido.
- Desculpe – ele relaxou o braço, ainda em volta de meu pescoço – Eu tenho claustrofobia.
                Segurei uma risada alta mas acho que não deu muito certo pois... 
- Do que está rindo? – disse sério, sem olhar pra mim, em seguida umedeceu os lábios.
- Quem te viu quem te vê, Justin – disse risonha – Um homem do seu tamanho, de sei lá, 25 anos? Cheio de tatuagem, que aparenta ser chefe de uma gangue das mais fodas pelas atitudes, com medo de lugares pequenos? – ri novamente, dessa vez sem tentar evitar.
- Na verdade faz 23 anos que o chefão aqui nasceu – ele brincou, gargalhando e me olhando pelo canto do olho.
- Quatro anos de diferença, se eu tivesse dois a menos isso seria pedofilia.
- Não esqueça que não estou te obrigando a nada. E com certeza já transou com homens mais velhos, estou errado? – ele olhou pra mim.
                Meu estômago se revirou no mesmo instante que lembrei como era fazer sexo com eles. Nojento era a palavra perfeita para essas situações.
- Como eu imaginava... – Justin disse e sorriu, me odiei momentaneamente, eu e minha mania de demonstrar demais – E por favor, você é ainda é uma criança, com 19 anos devia estar brincando de boneca. – ele continuava a me olhar e senti meu rosto queimar quando sorriu pra mim.
- Falou o adulto que tem só 4 anos a mais – disse entredentes. Meu bom humor evaporara.
- Posso perguntar uma coisa? Ah, já estou perguntando. Alguma vez aconteceu de rolar sexo lésbico com você? – ele perguntou cautelosamente, como se eu pudesse levar como uma ofensa. Não consegui conter o riso, e meu humor mudara novamente. Justin me olhou tipo “Você é louca? Isso não tem graça”.
- Não, Justin – sorri, meus olhos grudados nos dele – Nunca cheguei ao ponto de passar tanta necessidade de dinheiro – ele assentiu.
- É porque eu adoraria ver isso com meus próprios olhos, em filmes é legal mas nada se compara à presenciar pessoalmente. Então se qualquer dia você for colar velcro, me chame – ri do quão idiota ele era, Justin riu também.
                O elevador parou, Justin tirou os braços do meu pescoço e saiu andando na frente, eu o acompanhei me esforçando para dar passos mais rápidos. Ele abriu uma porta e depois de eu entrar fechou-a. Estávamos na cozinha, não era tão grande, talvez um pouco maior que a minha, mas a sofisticação nem poderia ser comparada. Era tudo na cor prata, o que deu um charme ao local. Fui para o outro cômodo e me deparei com a sala de jantar. Uma mesa grande e de madeira preenchia a maior parte do espaço, atrás dela podia-se ver um tipo de balcão com um armário junto, onde em cima encontravam-se alguns porta-retratos e papéis. Acima deles havia um espelho grande. No canto esquerdo dali, um mini bar tinha quatro bancos e vários vinhos pendurados. Depois de uma bancada de mármore, tinha-se a sala. Dois sofás grandes e beges estavam postos, com uma mesinha de centro contendo algumas revistas e um prato com uma porção de frios e azeitonas. A televisão era LCD e estava “pregada na parede”, enquanto abaixo dela havia uma estante baixa. Caminhei até a outra porta e me vi dentro do quarto. A cama estava coberta por um edredom branco e ali havia vários travesseiros da mesma cor, dois quadros estavam enfeitando a parede da janela, um de cada lado. Ao lado da cama havia um balcão, onde em cima havia um notebook e na sua frente uma cadeira de escritório, na parede oposta outra televisão fora pregada. Ao lado da janela uma porta estava entreaberta, empurrando-a um pouco cheguei à varanda. Uma banheira de hidromassagem espumava ao canto direito, uma churrasqueira pequena estava do lado de uma mesa redonda com duas cadeiras, dois vasos de plantas enfeitavam o ambiente.
                Ouvi uma porta se fechar atrás de mim e virei-me me lembrando de Justin.
- Gostou? Queria ter ficado no Grand Palace’s Hotel mas eles estavam com todos os quartos lotados – ele fez cara de desaprovação.
- Isso aqui é o paraíso perto da minha casa – disse olhando ao redor, quando meus olhos pararam no violão preto em cima da cama – Você toca? – perguntei apontando pra ele.
- Só por diversão – ele respondeu dando de ombros. Assenti.
- Se importa de tocar pra mim? – perguntei antes que pudesse me dar conta.
- Bem... Faz tempo que não toco pra alguém e... Eu posso treinar antes e depois toco pra você – disse sem jeito.
- Por favor? – perguntei fazendo cara de pidona – Só uma música. E eu não comento com ninguém, juro – ele me olhou como se avaliasse se eu merecia ou não. Por fim cedeu.  
                Justin andou até o violão e sentou-se na cama, segurando-o como deveria. Sentei-me um pouco afastada esperando que ele começasse. Ouvi-o pigarrear. Parecia nervoso. Umedeceu os lábios e então começou.
- I need you boo I gotta see you boo And there's hearts all over the world tonight Said there's hearts all over the world tonight, I need you boo I gotta see you boo, And there's hearts all over the world tonight Said there's hearts all over the world tonigh, Hey lil' mama, ooh you're a stunner, Hot little figure, yes you a winner, and I'm so glad to be yours You're a class of your own and Ooh little cutie, when you talk to me I swear the whole world stops, You're my sweetheart and I'm so glad that you're mine You are one of a kind, and You mean to me what I mean to you And together baby there is nothing we won't d, 'Cause if I got you I don't need money I don't need cars, Girl you're my all.             
                Justin parou de tocar, então não sabia ao certo como começar a falar.
- Justin... Você... É maravilhoso! De verdade! – suspirei – Quer dizer, sua voz é incrível, alguém já te disse isso?
- Algumas vezes – ele sorriu olhando pro violão.
- Já pensou em seguir carreira de cantor? – ele riu ironicamente.
- Tá falando sério? – assenti e ele fez sinal negativo com a cabeça – O máximo que eu conseguiria seria cantar em alguns bares.
- Se pensar assim vai mesmo, mas se acreditar que pode ir além, você vai além. Tudo depende de  você.
- Tanto faz – disse olhando para mim e poderia jurar que havia um pouco de tristeza em seus olhos – Eu trabalho com meu pai cuidando de uma empresa de sabonetes e se isso me sustenta, estou bem assim.
- Isso é inacreditável . Do que adianta ter dinheiro continuando o trabalho do seu pai se não está feliz assim? Vai atrás do que você gosta, tem potencial pra ir muito longe, eu garanto.
- Eu cantava com meus amigos em Stratford. Eu pretendia continuar. Mas meu pai começou a implicar dizendo que isso não é uma carreira digna. Ele nunca aceitaria.
- Stratford? Mas de qualquer forma agora você já tem 23 anos e não precisa mais fazer o que seu pai quer que faça.
- Sim, fica no Canadá. Nasci e cresci lá, sai de casa pra viajar pelo mundo aos 15 anos. Meus pais até chamara a polícia mas era tarde demais, contei com a ajuda de amigos mais velhos pra sair do país. Volto regularmente para ver como estão as coisas mas não passo mais de três dias na casa dos meus pais. Meu pai é o tipo que só pensa em trabalhar e minha mãe só pensa em gastar e me julgar por qualquer coisa. É um inferno.
- Não sei o que é pior. Não ter os pais vivos ou ter os pais vivos assim – respirei fundo – Justin, o que acha de gravarmos um vídeo cantando alguma música e postarmos no Youtube?
- O que? Não! Pra que?
- Sei lá, às vezes alguém importante vê e... Pode pelo menos pensar nisso com carinho?
- Posso pensar.
                Sorri por ganhar sua teimosia.
- O que acha de fazermos brigadeiro?
- Birigadeiro? Que diabos é isso? – perguntou se levantou e indo até uma porta do guarda-roupas, abrindo-a e fuçando nas roupas. Ri com sua pronúncia.
- Bri-ga-de-i-ro – ele me olhou com cara de “não vou repetir” e voltou a atenção para as roupas – É um doce brasileiro. Na verdade o melhor doce brasileiro. A melhor coisa que eles inventaram. Já esteve no Brasil?
- É um país que sempre quis ir, acho interessante a cultura das mulheres serem gostosas e “sabarem” na época de “carnival”.
- Sabia que não é educado falar de outras mulheres quando você tem uma na sua cama? Ainda mais do jeito que eu estou? – disse e deitei-me de lado, apoiando a cabeça na mão e piscando quando ele se virou para me olhar. Fez cara de tédio e eu ri.
- Megan, você não conta. Mal saiu das fraldas, pirralha – ele riu baixo e logo parou quando sentiu o travesseiro que eu jogara bater contra sua costa. Justin virou-se lentamente com o olhar sério, porém eu sabia que estava se segurando para não rir – Vai se arrepender por ter feito isso.
                Antes que pudesse pensar em qualquer coisa, sai correndo, quase escorregara no tapete da sala que não reparara que estava ali antes. Cheguei na cozinha e peguei uma frigideira que estava secando e coloquei-a na minha frente esperando que Justin chegasse logo atrás. Ele não veio. Passou-se um minuto.
- Justin? Justin?! – gritei não muito alto.
                Sem resposta. A preocupação começara a me invadir. Fui andando cautelosamente até o quarto e lá estava ele, caído perto da porta do guarda-roupa com a cabeça virada de lado. Meu coração acelerou. E se ele tivesse tido um ataque, derrame ou algo do tipo? Será que pensariam que eu era a culpada? Aproximei e me abaixei, vi seu peito levantar e descer e um alívio tomou conta de mim. Independente do que fosse, ele ainda estava vivo. Virei o rosto dele pra mim e dei batidinhas de leve, esperando que ele acordasse.
- Justin! Por favor! Não faça isso comigo! Acorda logo!
                Num segundo que me pareceu mais rápido que o normal, estava sendo empurrada para o lado e Justin segurava meus pulsos, prendendo-me contra o chão. Vagabundo. Desgraçado. Filho da puta. Todos os palavrões possíveis se passaram pela minha cabeça aquela hora, mas estava com demasiada raiva para dizê-los. Justin sorria o tempo todo e isso me irritava mais. Ele soltou uma de minhas mãos e levou a sua para debaixo do meu braço, me fazendo contorcer-me em cócegas. Eu implorava para que ele parasse como se fosse me ouvir. Parecia estar se divertindo com minha situação. Justin começou a mexer com os dois lados e me imaginei como uma cobra rastejando no chão para tentar se esquivar do gavião. Juntei todas as minhas forças e levei uma de minhas mãos para seu pescoço e puxei-o bruscamente para mais perto. Levantei um pouco a cabeça e colei nossos lábios. Eu devia ter pensado que um beijo era a maneira perfeita de pará-lo, pois era mesmo. No mesmo instante ele parou as mãos na minha cintura, apertando-a um pouco. Aprofundei o beijo e sem esperar invadi sua boca com minha língua. Justin sorriu entre o beijo e mordi seu lábio inferior. Parei o beijo e distribui selinhos curtos pela sua boca rosada.
- Vai fazer o doce – disse ainda com os olhos fechados, se jogando ao meu lado.

                Justin estava sentado de lado com as pernas abertas, uma cima do sofá e a outra caída, com uma lata de cerveja na mão e olhou para mim assim que entrei em seu campo de visão.
- Acho melhor parar de beber isso, vai fazer o brigadeiro parecer ruim.
                Caminhei até ele e me sentei no meio das suas pernas, entregando-lhe uma das colheres que estava no prato com o brigadeiro. Justin pegou um pouco do doce enquanto eu já enchia minha colher. Depois de provar, ficou olhando pra mim de um jeito estranho e engraçado.
- Esse. É. O. Melhor. Doce. Do. Mundo. – disse pausadamente como se estivesse em transe.
- Eu te disse! – falei num tom pouco elevado.
                Justin e eu enchemos a colher até acabar. Deixei o prato na pia e voltei a sentar no mesmo lugar. Deitei minha cabeça em seu ombro e prestei atenção no que passava na tv. Jogo de basquete. Justin me deu um beijo na bochecha demorado e em seguida cheirou meu pescoço, fazendo minha espinha arrepiar-se. Ele percebeu pois sorriu com o efeito.
- Você é a primeira pessoa que me ouve tocar depois de três anos – disse enquanto alisava fios do meu cabelo.
- Por que parou? – perguntei com a voz rouca.
- Vi que não me levaria a lugar algum. Só não consigo me desfazer do violão. Foi o primeiro que eu tive.
- Justin – levantei a cabeça e olhei em seus olhos, estavam da mesma cor de mel de sempre – Eu acredito em você. Acredito que tenha capacidade. Se algum dia achar que não, me chame e eu falo de novo e de novo e de novo se necessário. Você só precisa acreditar em você mesmo.
- Obrigado – ele sorriu mostrando todos os dentes.
- Seu sorriso é lindo, alguém já te disse? – falei olhando para sua boca.
                Justin sorriu mais que antes, mesmo que eu não acreditasse ser possível.
- O seu também é. Aliás, você é linda. – senti minhas bochechas corarem. Justin beijou-as novamente e riu fraco.

                Encostei novamente a cabeça em seu ombro e respirei fundo. Era bom ficar assim. Era bom estar com ele. 

Continua...
Espero que gostem, beijo. 

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