segunda-feira, 1 de julho de 2013

She Will Be Loved - Sexo e um bilhete misterioso

                A casa era escura e os móveis, velhos. Podia ver claramente que os cupins andaram roendo uma escrivaninha e uma mesa, o pó subia sempre que mexia em algo e estava tudo bagunçado como se alguém estivera ali procurando algo. Dava facilmente para ser usada em um filme de terror. Comecei a subir as escadas e ouvi a madeira frouxa ranger sob meus pés. Abri cuidadosamente a primeira porta que vi. Era um banheiro, o espelho estava quebrado e a pia coberta de, acreditava eu, algum fungo. Mas isso não era o pior. A claridade entrava por uma janela pequena e com isso pude ver o box coberto de um líquido vermelho. Sangue. Olhei para meus pés e algumas minhocas deslizavam sobre o chão perto deles. Abafei um grito e sai dali, batendo a porta com toda força que pude. No mesmo instante ouvi o baque de algo caindo no chão em algum cômodo do fim do corredor. Andei até a última porta e a abri cautelosamente. Era um quarto. A cama estava coberta de sangue e ao seu lado, caído, havia um corpo. Corri até ele e me abaixei, mas logo me arrependi. Era um menino, diria que no máximo de 8 anos. Tinha cortes profundos por todo corpo e deles ainda saia sangue. Coloquei a mão em seu coração e ele já não batia mais, o pobre garoto perdera muito sangue. A porta se fechou de repente e quis pensar que fosse o vento, mas não ventava ali. Minha cabeça estava a mil e imaginei que estava vendo e ouvindo coisas. Meu coração mais acelerado do que eu jamais pensei ser capaz. Tentei gritar mas minha voz não saiu. Ouvi passos se aproximando e o desespero começou a ser cada vez maior. Só então senti que havia alguém atrás de mim. Prendi a respiração e me virei, a claridade não foi suficiente para ver quem era, mas era para que eu visse a serra de prata reluzindo a pouca luz que havia ali.
- Megan! Megan! Acorda! – senti alguém segurando meu braço com força e me sacudindo.
Sentei-me rapidamente na cama com a respiração ofegante, olhei no relógio ao lado e ele marcava 20 horas. Ao meu lado Bryan me lançava um olhar de “até que enfim”.
- Parece que alguém teve um pesadelo – sua voz estava mais grossa do que eu me lembrava.
- O que está fazendo aqui? E como entrou? Eu... – parei quando percebi que tinha sido indelicada e abaixei o olhar.
- Faz tempo que não nos vemos e eu decidi vir, parece que se eu não te procuro você não o faz – ele ergueu uma sobrancelha – A porta estava aberta.
- Cochilei quando eram 16 horas, já devia estar na boate e... – ele me interrompeu.
- Posso perguntar algo? – não me esperou responder – Por que é tão viciada em trabalho?
- Eu não sou assim. Mas diferente de você eu dependo disso pra pagar as contas e comprar comida.
- Qual é a sua, hein Megan? – seu tom soou triste – Eu duvido que alguma outra pessoa já tenha tentado se aproximar de você e quando isso acontece você quer afastar? Aliás, quantas amigas ou amigos você tem? Me fala o nome de alguém que se preocupe com você que não seja eu ou o pessoal que eu te apresentei.
- Eu só não quero que você confunda as coisas. Será que não percebe que não posso me comprometer?
- Ninguém nunca disse nada sobre ter algo sério.
                Suspirei e me levantei indo em direção à cozinha. Abri a geladeira e tirei dali uma jarra de suco natural de laranja, despejei o mesmo em um copo na pia e o sonho veio à minha mente. Era estranho pois nunca havia tido um pesadelo antes. Virei e Bryan estava a dois passos de mim.
- Vou embora. Se decidir ter amigos ou alguém pra conversar sabe onde me procurar. Eu gosto de você.
                O encarei nos olhos por um bom tempo. Eles estavam mais claros que o de costume. Bryan sorriu sem mostrar os dentes. Deu um passo e então pude sentir sua respiração, ele levou sua mão à minha bochecha direita e a acariciou. Seus olhos que estavam presos nos meus passaram a olhar meus lábios. Bryan deu um beijo rápido no canto de minha boca e depois beijou minha testa demoradamente. Podia imaginá-lo de olhos fechados nesse momento. Ele me olhou mais uma vez e saiu em direção à sala. Mas não podia deixar que fosse assim. Corri até a porta e Bryan estava quase saindo quando se virou para mim. Dei mais alguns passos rápidos e o abracei com toda força que pude. Depois de alguns segundos senti seus braços me envolvendo, ele me apertou contra seu corpo e me elevou no chão alguns centímetros. Seu perfume estava forte e tive certeza de que ele mudara, era melhor que o antigo. Bryan foi me soltando aos poucos e logo estávamos com os rostos colados novamente. Olhei seus lábios que estavam umedecidos e sem pensar duas vezes os selei. Não pareceu suficiente pra mim. Aprofundei o selinho, transformando-o em um beijo quente. Bryan riu baixo e não consegui conter o sorriso. Ele desceu a mão até minha bunda e ao mesmo tempo em que a apertava, a pressionava contra seu corpo. Dei um pequeno pulo e em um movimento rápido entrelacei minhas pernas em sua cintura, com as mãos em volta de seu pescoço e sem deixar o beijo se romper. Bryan no mesmo instante colocou as duas mãos nas minhas coxas para me segurar e foi andando até o quarto. Trombamos em algumas coisas e ele parecia estar tonto. Ele me colocou na cama com calma e ajoelhou-se deixando meu corpo entre suas pernas. Tirou a camiseta e pude admirar seu tórax que estava mais malhado que da última vez que o vira. Livrei-me de minha camisola sem esforço e joguei-a em algum canto do quarto, Bryan tirou a bermuda mas permaneceu de cueca. Provavelmente sabia o efeito que o volume dentro de uma causava em mim. Ele caiu de boca nos meus seios, os apertando e dando leves beijos, mas logo se irritou e puxou meu sutiã com tanta força que acabou o rasgando. Minhas mãos estavam passeando por seu cabelo um pouco molhado. Bryan desceu pra minha barriga e passou as unhas de leve na mesma fazendo minha espinha arrepiar. Estava demorando e não queria enrolação, não aquele dia. Inverti nossas posições enquanto beijava seu pescoço e passei por todo seu abdômen fazendo o mesmo. Quando chegou em sua cueca a apertei e senti seu pênis já ereto, sentei-me um pouco acima dele e fiz movimentos circulares. Suas mãos encontraram minhas coxas e ele as apertava enquanto se contorcia na cama. Cansei daquilo e desci, rasguei sua cueca e envolvi seu pênis em minha mão, o apertei e fiz movimento de vai e vem. Bryan soltou um gemido baixo e eu sorri. Rapidamente inverteu nossas posições e foi direto na direção de minha vagina, rasgando minha calcinha e sem demora levando os dedos até minha intimidade. Ele introduziu três dedos em mim e soltei um gemido alto, arranhando o colchão com força. Bryan deu um beijo na minha barriga e tirando os dedos de minha vagina, deitou-se por cima de mim e voltou a me beijar. Abri as pernas e entrelaçando-as entre ele, as cruzei em sua costa. Senti seu pênis pulsando roçar minha intimidade e meu útero pareceu querer gritar.
- Tem certeza de que quer isso? – ele perguntou em um sussurro.
- Eu quero você – respondi com a voz abafada. – Vai logo.
                Então sem esperar mais, Bryan nos uniu e soltei um gemido mais alto que o anterior. Levei minhas mãos à sua costa e a arranhei sem dó. Ele fez alguns movimentos mais fortes e logo depois caiu ao meu lado, com a respiração tão rápida quanto a minha. Não havíamos chegado ao nosso ápice, mas foi suficiente para nos satisfazermos. Me enrolei no lençol e deitei em seu peito. Passando meus dedos por sua barriga, pensei no que ele dissera mais cedo. Talvez Bryan tivesse razão. Bem no fundo eu sabia que tinha. É claro que queria amigos e alguém com quem pudesse contar. Só não conseguia confiar nas pessoas.
- Está com fome? – sua voz interrompeu meus pensamentos.
- Sim, e você? – respondi olhando pra ele que assentiu – Vou pedir uma pizza.
                Levantei-me da cama com o lençol enrolado no corpo e coloquei um roupão duas vezes maior que eu. Peguei o telefone na cozinha e pedi uma pizza de pepperoni. Voltei pro quarto e Bryan me deu um sorriso.
- Quer tomar banho?
- Achei que me convidaria pra passar a noite aqui hoje – ele disse fazendo bico.
- Eu chamaria, mas amanhã vou ao mercado cedo e você não vai querer acordar 8 horas da manhã.
- Por que você tem que ir?
- Porque preciso ir faz tempo e se deixar pra ir de tarde fica muito cheio.
- Vai depois de amanhã, poxa.
- Eu não posso, Bryan Teimoso Roberts.
- Como...? Ah, o RG - ele sorriu e fez um gesto para que fosse deitar ali.
[...]
                Andava entre as prateleiras pegando só o essencial, não podia exagerar. O mercado estava vazio em geral, as pessoas preferiam resolver as coisas no mercado a tarde. Abaixei-me pra pegar uma caixa de cereal e senti um empurrão no meu carrinho, me fazendo quase cair também. Joguei o cereal ali e quando olhei pra pessoa por trás do empurro fiquei surpresa. Justin.
- M-Megan? O que faz aqui?
- Acho que compras. E você? Ah, espera. Nem preciso perguntar. Empurrando o carrinho dos outros – disse rapidamente.
                Ele vestia uma camiseta de uma mulher com os seios à amostra e a mão do Mickey pegando neles. Não parecia ter cinto algum segurando sua bermuda jeans e seu Adidas era branco com o símbolo preto.
- Desculpe. Mas não devia se esconder atrás do carrinho...
- Idiota. Eu estava pegando... Ah, deixa pra lá – me virei de costa pra ele mas Justin deu alguns passos e pegou meu braço.
- Vai fazer o que hoje? – seus olhos cor de mel estavam fixos nos meus, o que me fez perder a linha de raciocínio.
- Nada. Provavelmente dormir a tarde e ir pra boate a noite.
- Posso almoçar com você? – estranhei sua proposta e provavelmente demonstrei isso – É que aprendi como se faz um macarrão com carne e queria... treinar.
- E vai me usar como cobaia para experimentar – sorri.
- Entenda como quiser – ele riu – Então...?
- Eu topo – respondi sem pensar. Se fosse para fazer amigos que começasse logo. Mesmo que Justin não fosse a melhor ideia de amigo que eu tivesse.
                Terminamos de pegar as coisas que precisaríamos, passamos no caixa, colocados tudo no Mustang de Justin e fomos pra casa. Lá ele me ajudou a descarregar tudo e comecei a separar as coisas que precisaria para fazer o macarrão. Justin disse que faria mas estava vendo que ia sobrar tudo pra mim.
- Ei, Megan! – ele chamou da sala – Vem aqui.
- O que você quer? Estou ocupada, diferente de você.
- É rápido.
                Fui até lá e Justin apontou pra mesinha de centro. Havia ali um papel pequeno embaixo de uma revista.
- Foi você quem deixou isso ai?
- Não... Mas quem poderia ter sido? – perguntei intrigada. Bryan é o único além de Justin que sabe onde é minha casa mas ele ligaria ou deixaria uma mensagem na caixa postal. 
- Não pergunte pra mim. Achei estranho.
                Peguei o papel, olhei pra Justin e sentei-me ao seu lado. Desdobrei e li devagar, não querendo acreditar.
“Olá, Megan. É o papai, eu sei que acha que estou morto, mas consegui escapar àquele acidente. Sua mãe infelizmente se foi. Fiquei naquela ilha por alguns anos, até um grupo de navegadores me encontrar. Eles me deixaram em Flórida, mas eu não tinha nada, dinheiro, roupa, comida... Família. Então fui jogar para conseguir dinheiro e acabei arrumando briga com uns caras. Agora estou em Los Angeles, mas tenho medo de ir até você e alguém me seguir e acabarem te machucando também. Por isso peço que me encontre, estou na Rua das Esmeraldas, no porão da casa número 50. Não demore, estou com saudade. Venha sozinha. Eu te amo”.
                Meu coração acelerou incontrolavelmente e minhas mãos começaram a tremer. As lágrimas tomaram conta de meu rosto e olhei para Justin que me olhava preocupado.
- É do meu pai. Mas não é possível, ele está morto! Não é possível! – gritei e ele tirou o bilhete de minha mão.
                Várias possibilidades passaram pela minha mente, queria que fosse verdade mas não podia ser.
- Como seus pais morreram mesmo? – Justin perguntou depois de deixar o bilhete de lado.
- Acidente de avião. Eu vi o corpo do meu pai no caixão, eu vi ele sendo enterrado.
- Então isso é uma pegadinha de alguém de mau gosto. Conhece alguém que poderia fazer isso?
- Tem meus tios, com quem eu morei depois que fiquei órfã. Mas eles não sabem meu endereço e posso afirmar que não perderiam tempo fazendo isso. Tem outra coisa, a caligrafia. É perfeitamente igual do meu pai. Lembro-me muito bem de quando ele me ajudava com as lições de casa e eu olhava a letra dele e pensava que quando crescesse gostaria que a minha fosse igual. Meu pai pode estar vivo, Justin – disse com a voz esperançosa.
- Não sei não, Megan. Isso está estranho. Você disse que viu ele ser enterrado.
- Eu sei, mas se tem a possibilidade de ele estar vivo, eu vou atrás e verei com meus próprios olhos se é verdade ou não.
- Não vou deixar você fazer isso, é perigoso. Pode ser uma armadilha, você não vê? – ele disse num tom bravo.
- Quero ver você me impedir.
                Peguei minha bolsa e levantei-me, Justin fez o mesmo rapidamente.
- Então eu vou com você.
- Ele pediu pra eu ir sozinha.
- Você nem sabe se o “ele” é seu pai.

                Revirei os olhos e sai dali, indo direto pro seu carro.
Continua... 

Um comentário:

  1. OMB OMB OMB OMB! Ela nem sabe quem é "ele" O.O Eu tô simplesmente apaixonada pelo Bryan *0* Continua baby, tá perfeito <3

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