sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

7º Capítulo - Welcome to Bahamas!



Eu estava apagado.
Literalmente apagado.
Resolvi tirar um cochilo antes de pegar o avião e acabei desmoronando no sofá da minha sala de estar aqui em Atlanta. Fiquei um bom tempo arrumando as malas e cara, eu descobri que não gosto de arrumar malas.
Porém, aquela era uma excessão.
Amanhã seria o começo de uma viagem ótima, eu conseguia sentir isso.
Mas não naquele momento, porque tudo que eu sentia era minha respiração.
E ao longe, beem ao longe, eu conseguia ouvir a voz da minha mãe:
– Justin... Justin! - Ela quase berrava.
– Hmm...? - Eu realmente não queria acordar.
– Vou ter que apelar para a chantagem para que você acorde? - Minha mãe disse, ela parecia brava. Queria poder abrir os olhos para ver a cara de brava dela, ficava uma gracinha.
– Aham... - Eu disse, brincando. Só que não soou como uma brincadeira porque eu estava bocejando.
– Se não levantar daqui 5 minutos vai perder o vôo para as Bahamas com a Julie! - Minha mãe disse. Cara, ela realmente me conhece muito bem.
No instante seguinte eu estava de pé.
– Adoro quando minhas chantagens funcionam... - Minha mãe sorriu e me deu um tapinha nas costas. - Ande, vá tomar um banho e depois venha tomar café, o motorista virá nos buscar daqui uma hora e meia, mais ou menos.
– Está bem mãe... - Corri para o meu quarto e olhei no relógio. - Oficialmente, eu não sou uma pessoa da manhã... Quem dirá da madrugada.
Eram 5h30 da manhã. Que lindo acordar cedo assim. Minha mãe disse que "Deus ajuda quem cedo madruga", eu digo que "Deus ajuda quem cedo madruga a ficar com um monte de olheiras".
Bocejei só de olhar para o relógio e fui diretamente ao meu banheiro. Tomei um banho rápido e me troquei. Coloquei um jeans e um moletom escuro, junto com um tênis também escuro, afinal, não poderia chamar a atenção naquela manhã.
Mesmo com toda a estratégia de Scooter para despistar as fãs, ainda assim, teria que ser cauteloso.
Scooter planejou que ele, Usher e Sean Kingston iriam no sábado a noite, quando provavelmente todas as minhas fãs iriam para o aeroporto para tentar falar comigo. Meu amigo Christian Beadles iria com eles, fingindo ser eu. Elas não o veriam de perto então pensariam que eu apenas passei reto. Por causa dessa dúvida de quando eu e Julie viajaríamos para as Bahamas, o tumulto das fãs ficou bem menor. Estava fazendo isso por Julie, não queria que ela passasse por mais um tumulto de fãs.
Sinceramente, eu não achava que essa estratégia manteria as fãs longe do aeroporto hoje de manhã. Porém com certeza amenizaria o tumulto.
Coloquei meu boné preto e peguei as minhas malas que estavam no meu quarto, descendo com elas e as deixando na sala de estar. Corri para a cozinha e vi que Jazmyn já estava acordada. Sentei ao lado dela e a dei um beijo demorado no rosto.
– Já te acordaram, é? Povo cruel dessa casa... Reclame da próxima vez, Jazmyn! - Eu disse, sorrindo e acariciando seu rosto com as costas dos dedos.
– É... Estou com sono... - Ela coçava um dos seus olhinhos. Eu sorria.
Jazmyn não sabia falar tudo, mas se dava bem na maioria das frases. Era uma graça vê-la falando. O mais engraçado era quando ela perguntava onde estava Julie.
– Você vai sentir saudade de mim? - Eu perguntei, sorrindo, enquanto esperava minha mãe trazer o meu café da manhã.
– Sim... E da Julie. - Ela dizia, de um modo muito gracioso. Era impossível não rir. Minha irmãzinha estava apaixonada por Julie e não havia nada que eu poderia fazer.
– Gosta mais da Julie do que de mim, Jazmyn? - Eu perguntei, brincando.
– Sim... - Ela disse, logo me olhando. Fiz cara de indignado e ela riu.
– Olha só, estou realmente perdendo a minha princesinha para a Julie. - Eu disse, sorrindo. Jazmyn estendeu os braços para mim, para que eu a pegasse no colo. Assim o fiz e fiquei com ela no meu colo.
– Vou sentir saudades de você, meu anjo. - Eu beijei a cabeça dela, enquanto a via brincar com o meu relógio.
Fiquei abraçado com Jazmyn enquanto tomava o meu café da manhã. Meu pai estava lá e ele iria cuidar de Jazmyn e do meu irmãozinho, Jaxon, que por acaso estava dormindo no andar de cima junto com a minha madrasta, enquanto eu e minha mãe viajávamos para as Bahamas.
Eu iria sentir falta deles, ficar em casa com a minha família era algo que eu realmente adorava, além de que eles sempre me fazem ficar com o pé no chão, eu passava momentos ótimos com eles.
Porém, ultimamente, além de ficar com a minha família, tenho passado a maior parte do tempo com uma garota brasileira de olhos verdes. Julie Evans. Eu sempre ria sozinho ao me lembrar dos momentos com ela. Ficava com cara de bobo, chegava até a ficar inspirado a escrever canções.
Não conseguia entender como ela fazia isso comigo.
Ela me deixava bobo só de falar comigo. Ela me fazia sorrir só de sorrir também. Ela me fazia rir, me proporcionava os melhores momentos que eu já tive. Me entendia, sempre sabia o que dizer para me deixar melhor. Eu confiava nela cegamente e contava a ela coisas que quase ninguém sabia, nem meus melhores amigos.
Não sabia o que isso significava, realmente não sabia. Talvez por eu nunca ter sentido algo assim antes.
Só sei que ela não sai da minha cabeça.
Enquanto eu conversava com a minha mãe e a minha pequenina Jazmyn, enquanto eu sorria e ria com elas, meus pensamentos estavam longe dali.
E eu mal poderia esperar para entrar naquele avião, daqui a pouco.
O tempo passava lentamente, parecia ironia do destino. Enquanto o motorista não chegava para buscar a mim e a minha mãe, deixei Jazmyn com meu pai e fui para a sala tocar um pouco de violão. Afinal, nada melhor do que música para passar o tempo.
Peguei o violão e comecei a tocar. As melodias tocadas eram de uma de minhas canções do meu novo CD My World 2.0 e se chama U Smile. Eu fiz essa música para as minhas fãs, porém, naquele momento caia perfeitamente para Julie.
Baby take my open heart
(Baby pegue o meu coraçao aberto)
And all it offers
(E tudo que ele oferece)
'Cause this is as unconditional
(Por que isso é tão incondicional)
As it'll ever get you aint seen nothin yet
(Como ele nunca vai existir, você não viu nada ainda)
I wont ever hesitate to give you more
(Eu não vou hesitar em te dar mais)
Cause Baby
(Porque Baby...)
You smile, I smile
(Você sorri, Eu sorrio)
Whenever you smile, I smile
(Toda vez que você sorri, Eu sorrio.)
Baby you, you smile, I smile
(Baby você, você sorri, eu sorrio)
I smile, I smile, I smile,
(Eu sorrio, eu sorrio, eu sorrio)
Julie smiles, I smile.
(Julie sorri, Eu sorrio.)
Mudei a ultima parte, colocando o nome da Julie no meio, como uma brincadeira. Porém, no fundo, era o que eu realmente queria dizer.
Toquei mais algumas músicas, para descontrair e ficar mais tranquilo. Não que eu estivesse ansioso, mas mesmo assim, é sempre bom relaxar.
O tempo passou mais depressa enquanto eu estava tocando o violão.
O motorista que veio nos buscar logo chegou, guardei o violão na capa e o segurei, indo para o carro. O motorista pegou as minhas malas e as malas da minha mãe e as levou para o porta malas. Não demorou para que logo estivéssemos a caminho do aeroporto.
Eu ficava olhando pela janela, quieto, pensativo. Minha mãe percebeu isso e logo sorriu, me puxando para um abraço.
– O que foi? - Eu disse, sorrindo.
– Justin... Tem muitas coisas ainda que você vai passar na vida... Porém como você mesmo diz, não é porque você tem apenas 16 anos que quer dizer que você é um garoto inexperiente. No seu devido tempo, você vai descobrir certas coisas que vão mudar sua forma de pensar...
Eu escutei as palavras dela, no começo, sem entender realmente o que ela queria me dizer.
– O que quer dizer com isso, mãe? - Perguntei.
– Quero dizer que as vezes você não entende. Não sabe o que está acontecendo nem com o que está lidando. Não sabe porque não dorme direito ou porque fica rindo sozinho. Não entende porque coisas estranhas e fora do seu cotidiano acontecem. Isso significa apenas uma coisa... E quero que nessa viagem você descubra tudo isso. Por isso vou te deixar livre nessa semana.
Eu arregalei os olhos. Minha mãe realmente me conhecia muito bem. Eu não sabia exatamente ao que ela estava referindo, mas poderia ter uma ideia. Achei incrível da parte dela me incentivar a isso. Ela é a melhor mãe do mundo.
Sorri para ela e enchi o rosto dela de beijos, carinhosamente.
– Só você mesmo mãe... - Eu agarrei ela logo depois. Ela soltou uns gritos. Nós rimos.
O aeroporto de Atlanta não era muito longe da minha casa, então quando nós percebemos, já estávamos entrando no estacionamento do mesmo. Assim como eu, Julie deveria ter recebido a informação de ficar em uma sala separada do pátio central do aeroporto, onde nós nos encontraríamos e então, iríamos juntos para o avião.
Paramos na fila de carros, esperando que cada um entre para que nós pudéssemos entrar também. Eu estava distraído, quando olhei para o lado, me dei conta de que estávamos bem na frente da sala onde eu me encontraria com Julie. A sala não é muito privativa, pois uma de suas paredes, a qual eu olhava, era de puro vidro. Julie já estava lá, junto com Ashley e suas malas. Eu não consegui deixar de rir e chamar minha mãe para olhá-las junto comigo.
As duas estavam sentadas nas poltronas da sala. Ashley estava praticamente dormindo no local. Julie não, ela estava bem acordada, com um sorriso lindo em seu rosto. Só de ver aquele sorriso eu acabava sorrindo também.
O mais engraçado é que Julie tentava manter Ashley acordada de todas as formas possíveis. Com tapas, chutes, berros e até sacudidas. Eu e minha mãe estávamos rindo do esforço dela para manter a amiga acordada.
– Ela se parece comigo quando tento te acordar de manhã... - Minha mãe disse, rindo.
– Então dê umas dicas à ela porque ela não está se saindo nada bem... - Continuamos a rir.
Continuamos a assistir o show particular que elas estavam nos proporcionando e dando muitas risadas. Logo o carro andou e conseguimos sair. Peguei minhas malas, esperei minha mãe e juntos fomos para a sala separada, ali no estacionamento, onde Julie e Ashley estavam. Quando entrei, comecei a rir novamente.
– O que é que está acontecendo aqui? - Eu perguntei, em meio a risadas.
Julie tinha feito Ashley ficar de pé, por que assim ela não dormiria. Erro dela, pelo jeito Ashley dormiu do mesmo jeito e agora estava caindo em cima da amiga.
– Ashley... Ashley... - Julie tentava fazer a amiga se levantar. Porém, quando ela viu que eu tinha chego, ela se virou rapidamente, sorrindo para mim. - JUSTIN!
Ah... Aquele sorriso. O sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Eu estava sorrindo de volta. Aquele momento de reencontro seria perfeito se nós não tivéssemos ouvido o barulho de alguém caindo no chão logo em seguida.
Julie fez uma careta, mordeu o lábio e fechou os olhos. Ela sem querer havia soltado a amiga, Ashley, que tinha caido com tudo no chão.
– AI! - Ashley disse, ao escorregar para o chão. - Julie!
– Me... Desculpa! - Julie não sabia se ria ou se pedia desculpas.
Eu ria da situação, não por Ashley ter caído, mas pela fato de Julie ter deixado ela cair só para falar comigo. Aquilo sim foi engraçado.
Deixei minhas malas em um canto e fui ajudar Julie a levantar Ashley.
– Você está bem? - Perguntei à Ashley, sorrindo.
– Bom... Se a intenção de me deixar cair fosse para me acordar, funcionou! - Ashley disse, meio brava, para Julie.
– Me descuuulpa! - Julie disse, rindo e abraçando a amiga. Ashley logo riu.
– Está tudo bem, tudo bem... - Ashley deu uns tapinhas nas costas da amiga. - Não precisa chorar Julie.
Eu ria da situação. Elas duas juntas eram incríveis, mais engraçadas impossível.
– Bom dia Justin! - Ashley disse, logo se aproximando para me abraçar, amigavelmente. Retribui o abraço e sorri.
– Se quiser uma bolsa de gelo eu posso providenciar. - Sugeri, rindo ainda da situação.
– Não, não precisa, vou sobreviver. - Ashley disse, sorrindo e indo se sentar.
Julie observou a amiga ir direto à poltrona.
– Não vou dormir Julie, pode ficar tranquila! - Ashley disse, já antecipando tudo. Eu continuava rindo. Era incrível como eu não parava de rir perto das duas.
– Está beem... - Julie disse, sorrindo. Logo se virou para me olhar.
Eu adorava quando ela virava assim. Naturalmente seu cabelo esvoaçava e eu conseguia ver novamente aqueles olhos verdes que me encantavam. Sem contar no sorriso que ela tinha no rosto. Um sorriso único. Nunca no mundo eu poderia encontrar alguém com um sorriso igual ao dela. Tão sincero, com tanto significado e sentimento.
– Bieber... - Ela sorriu agora de canto, dando um passo em minha direção.
– Evans... - Eu entrei na brincadeira. Joguei o cabelo para o lado e quando estava prestes a fazer algo, minha mãe me chamou.
– Justin, querido. Nós vamos embarcar daqui 15 minutos... Oh! Julie! Nem te vi aí... Estava ocupada com tantas malas... - Minha mãe disse.
Julie foi até a minha mãe e a abraçou, como grandes amigas. Era engraçado de se ver. Minha mãe adorava a Julie.
– Parece que todos aqui ganham um abraço menos eu... - Murmurei para mim mesmo, balançando a cabeça e rindo.
Hora de tomar alguma atitude.
Me aproximei das duas, que conversavam, pegando a mão de Julie e a puxando para mim. A virei e a fiz cair em um dos meus braços, ficando alguns poucos centímetros do chão.
– Bom dia, Julie. - Eu sorri e continuei com ela naquela posição. Ela me olhava surpresa, porque foi pega desprevenida.
– Bom dia, príncipe. - Ela disse de uma forma doce, sorrindo para mim.
– Ê novelinha mexicana... - Ashley disse, revirando os olhos e rindo.
Nós dois olhamos ela, de uma forma meio brava.
– Caalma Maria do Bairro! - Ashley disse, levantando os braços, como quem se rende.
– Eu tenho que parar de ensinar palavras novas para Ashley. - Julie disse, eu voltei a rir.
Puxei Julie para cima, fazendo com que nós dois voltássemos à forma normal. Agora foi a minha vez de ser surpreendido por Julie, depois que nos endireitamos ela me abraçou bem forte.
– Eu senti muito a sua falta... - Ela sussurrou para mim.
Aquelas palavras soaram como doce aos meus ouvidos.
– Eu também senti, princesa. - Eu disse a ela, sinceramente.
Hoje era a primeira vez que eu via Julie depois de dois dias. Só dois dias e eu já estava morrendo de saudade dela. Mal poderia imaginar como seria ficar mais tempo longe dela.
Ela me dava força, me alegrava, era minha estrela.
Ela me soltou um pouco, mas continuei abraçando-a. Ela olhou nos meus olhos e fez uma careta, nós rimos logo depois.
Ela se aproximou e me deu um beijo demorado no rosto. Senti como se nos segundos em que ela tocava meu rosto com seus lábios, nada mais importasse. Por que eu me sentia assim? Por que ela era tão essencial na minha vida?
Espero que essa viagem me dê as respostas que tanto procuro.
– Justin, Julie, Ashley... Hora de irmos... - Minha mãe nos chamou.
Julie me soltou e sorriu, se afastando para ir pegar suas malas. Me virei para observá-la ir, mas logo me afastei também para pegar as minhas.
Ela e Ashley vieram, segurando suas malas e juntos fomos para a parte superior do aeroporto.
Como eu havia previsto, havia fãs no aeroporto. Porém, felizmente, não tantas quanto eu soube que vieram ontem. Tinha apenas umas 20.
Pelo número ser menor, tirei fotos com elas. Achei engraçado que elas também queriam tirar foto com Julie e Ashley.
Depois disso fomos diretamente ao avião, entregando nossas passagens e malas.
Minha mãe subiu as escadas para o avião, depois Ashley, Julie e então eu. Fomos direto à cabine da primeira classe. Ashley se sentou com a minha mãe e felizmente, sentei ao lado da minha brasileira.
– Ah não... Sério que eu tenho que me sentar com você? - Julie disse, revirando os olhos e fingindo fazer pouco caso.
– Se você quiser eu posso me mudar... - Eu disse, me levantando. Ela pegou meu braço e me fez sentar.
– Não! Não... Pode ficar. Eu deixo. - Ela disse, sorrindo.
– Que bom que você deixa, Senhorita Evans. - Eu disse, rindo.
Ela se encostou no banco e olhou tudo em volta, admirando a parte do avião.
– Sua vida é bem difícil, não é? - Ela disse, ironicamente.
– Com você nela, não mais. - Eu disse, sem olhá-la.
Ela me olhava e sorria. Eu olhei para ela e logo abaixei o olhar. Ela começou a rir.
Era estranho me ver envergonhado na frente de uma garota. Era fácil para mim dar cantadas em mulheres mais velhas como Beyoncé e Rihanna, mas quando se tratava de Julie, tudo mudava.
Nós começamos a conversar, esperando o avião decolar. Começamos a falar sobre a viagem, sobre o que esperávamos dela, contei a ela como o local era lindo e disse que ela ficaria extasiada só de olhar para lá.
– Deve ser muito lindo mesmo... - Ela disse sorrindo e imaginando. - Eu mal posso esperar.
– Eu quero que essa viagem seja perfeita para você... - Eu comecei a dizer. - E prometo que vou fazer tudo para que isso aconteça.
– Você é um amor... - Ela disse, olhando nos meus olhos.
Era incrível a sensação que eu sentia ao olhar nos olhos dela. Ela retribuia meu olhar com tanta intensidade que eu chegava a ficar sem saber o que fazer. Julie era única, singular. Seu rosto, seus olhos, seus lábios, tudo para mim era perfeito. A personalidade dela era incrível e imprevisível. Ela sempre me surpreendia, sempre me fazia rir.
Eu nunca havia sentido nada parecido como o que eu sinto por ela por nenhuma outra garota. Nem por Caitlin.
Eu amo a minha mãe, amo a minha avó, amo a minha irmã. Amo a minha família, amo meus amigos.
Mas estava começando a considerar a ideia de estar apaixonado por Julie.
Aquela menina doce, meiga e ao mesmo tempo independente que havia me conquistado desde a primeira vez que eu olhei para ela.
E como eu queria estar perto dela. Queria dizer a ela o que eu estava sentindo. Queria poder tocá-la sem me preocupar com o que os outros pensariam. Queria poder ter certeza do que ela sentia também.
Ela é uma garota normal. E é isso o que eu mais admiro nela.
Ela é sonhadora, porém muito realista.
Depois de alguma conversa, o avião começou a decolar e a aeromoça deu as devidas informações. Nos endireitamos nas poltronas do avião e colocamos o cinto. Enquanto o avião estava decolando, senti que Julie estava um pouco tensa.
Sua mão pressionava a divisória das cadeiras.
Aproximei a minha mão da dela e fiz com que ela parasse de pressionar o local e que entrelaçasse sua mão na minha.
Olhei em seus olhos e então disse, só para ela escutar:
– Enquanto eu estiver com você, não vou deixar que nada de ruim aconteça...
– Promete?
– Prometo, princesa.
Senti que a tensão dela foi diminuindo depois de eu ter feito o que fiz. Fiquei feliz de ter deixado ela melhor.
Quando a tensão da decolagem passou, ficamos mais a vontade. Soltei a mão dela por um instante para pegar o meu Ipod, para que a gente ouvisse durante a viagem. Ela esperou e eu peguei, coloquei um fone no meu ouvido e entreguei o outro a ela. Ela colocou também e estendeu a mão. Eu olhei sem entender, afinal, a tensão já havia passado, não havia razão para ela querer segurar a minha mão.
– Segure a minha mão, Justin... Só assim eu me sinto realmente segura.
Sorri após ouvir aquelas palavras e voltei a entrelaçar minha mão com a dela.
A viagem foi divertida, desde então. Escutamos diversos tipos de música e cantávamos, sem pudor algum. Nós ríamos, brincávamos, sem soltar as nossas mãos.
E eu não fazia questão alguma de soltar. Segurar a mão dela fazia com que eu me sentisse ótimo, ou até melhor do que isso.
Depois de um tempo as brincadeiras foram acabando e o sono foi prevalecendo. Minha mãe e Ashley já estavam dormindo há um tempão. Só Julie e eu estávamos acordados ali.
– Juustin... - Ela disse, de um jeito delicado.
– Sim? - Eu sorri quando ela encostou sua cabeça no meu ombro.
– Canta para mim? - Ela perguntou, da mesma forma doce e delicada para mim.
– Todos estão dormindo, Julie. - Eu disse, rindo de leve.
– Cante baixinho... Por favor? - Ela pediu de um jeito tão sutil que eu não conseguiria rejeitar.
– Está bem... - Simplesmente não consegui rejeitá-la. - Vou cantar uma música que me lembre você.
Ela sorriu e eu então me preparei.
– I always knew you were the best, the coolest girl I know. So prettier than all the rest, the star of my show. So many times I wish you'd be the one for me... but never knew it'd get like this girl, what you do to me...
A medida que eu cantava para ela em um tom baixo, relembrando a letra da minha música Favorite Girl, eu comecei a ver que a letra daquela música era exatamente o que estava acontecendo no momento. Julie era a minha Favorite Girl. Sorri e continuei cantando.
– You're who I'm thinking of... Girl you ain't my runner up and no matter what you're always number one. My prized possession, one and only, adore ya girl I want ya. The one I can't live without that's you, that's you...
Eu mais me declarava do que cantava, mas ela não perceberia isso. Porque era apenas uma música. Uma música que eu usava para tentar dizer que ela era tudo aquilo que eu estava cantando.
– You're my precious little lady... The one that makes me crazy... Of all the girls I've ever known it's you... It's you... My favorite... My favorite... My favorite girl.
Assim que eu terminei o refrão da música, Julie levantou a cabeça e me olhou. Ela me olhava nos olhos e estava tão perto que eu poderia sentir sua respiração.
– Como você pode ser tão perfeito?
Eu queria poder fazer a mesma pergunta a ela.
– Não sou perfeito, Julie. - Eu disse, sorrindo de leve.
Mas por ela, eu faria o impossível para ser.
A aeromoça se aproximou e perguntou se nós gostaríamos de um travesseiro ou qualquer outra coisa, literalmente estragando a situação. Nós recusamos o que ela ofereceu, educadamente.
Era tarde demais para voltar ao que estávamos. Julie voltou a encostar sua cabeça no meu ombro e suspirou. Nossas mãos ainda estavam unidas.
Ela fechou os olhos e descansou, depois de um tempo eu também fechei.
Mais uma vez o tempo passou depressa. Como eu não costumo sonhar quando durmo, assim que eu abri os olhos, já tínhamos chego nas Bahamas e o avião estava pousando.
Eu fui o primeiro a acordar.
Olhei para Julie e ela estava dormindo como um anjo, sorri e não resisti, tirei uma foto nossa com ela dormindo. Poderia usar como chantagem mais tarde.
Então comecei a tentar acordá-la.
– Julie... Julie...? - Eu acariciava o cabelo dela com uma mão. - Acorde princesa... Vamos...
Ela parecia estar bem cansada, porque ainda assim não acordou.
Tirei minha mão que estava entrelaçada à dela para tentar acordá-la e foi então que ela se mexeu.
– Hm... Justin? - Ela colocou uma das mãos no rosto e bocejou. - Quem deixou?
– Eu só ia... Te acordar. - Soltei uma risada leve.
– Hm... Chato. - Ela pegou minha mão novamente e se endireitou na cadeira. - Por que você... AH MEU DEUS! NÓS...?
– Sim... - Eu respondi, sorrindo por vê-la tão feliz.
– AH MEU DEUS! - Ela se inclinou para o lado e começou a chamar pela amiga que também dormia. - Ash... Ashley... ASHLEY!
– OI! - Ashley acordou no susto. - Julie? Você realmente adora me acordar delicadamente, não é?
– Nós chegamos! Estamos nas Bahamas! - Julie disse, animada.
– OH! - Ashley queria gritar, mas não podia porque a mãe de Justin ainda cochilava. - Pattie... Pattie...
– Mãe, chegamos. - Eu disse, facilitando o trabalho de Ashley.
– Hm... Mas já? - Minha mãe acordou e sorriu. - Bom dia novamente para todos.
– Bom? ÓTIMO! - Ashley disse, batendo palmas. - Mal posso esperar para me jogar na água!
– Mal posso esperar para te jogar na água. - Julie disse para Ashley enquanto sorria, com cara de anjo.
– Mal posso esperar para jogar as duas na água. - Minha vez de ameaçar.
No fim, todos rimos. O avião pousou e lá estávamos nós pisando nas terras das Bahamas.
Era por volta das 11 horas da manhã e todos nós fomos muito bem recebidos, tanto pelos funcionários do Hotel quanto por Usher, Sean e Scooter que nos esperavam.
– Usheeeeeeer! - Julie correu e abraçou o meu mentor.
– Heey garota. Quanto tempo hem? - Usher dizia enquanto abraçava Julie.
– Hey Sean... - Eu fiz um toque com ele, depois com Scooter. - Scoot.
– JB. - Os dois disseram.
Julie cumprimentou Sean depois Scooter. Ashley fez o mesmo com os três.
– Vamos, o quarto de vocês já os esperam. - O gerente do hotel nos levou até o nosso quarto.
Meu quarto ficava de frente para o de Julie, que ficava ao lado do de Ashley, que ficava na frente do da minha mãe, que ficava do lado do de Usher, que ficava na frente do de Sean, que ficava do lado do de Scooter.
Alguém está confuso?
Cada um foi para o seu devido quarto e marcamos que 12h em ponto todos nós desceríamos para o salão de almoço reservado para nós almoçarmos. Afinal, precisaríamos nos trocar e ficar mais a vontade para aproveitar cada segundo das Bahamas.
Assim que deu o horário, todos estavam lá em baixo. Eu, minha mãe, Ashley, Usher, Sean e Scooter. Menos Julie.
Nós já estávamos ficando preocupados quando ela apareceu. Todos ficamos impressionados.
Ela estava linda. Estava parecendo uma princesa. Ela tinha colocado um vestido rosa-claro e usava sapatilhas. Seu cabelo estava solto, do jeito que eu sempre gostei. Ela se aproximou e se sentou na cadeira vaga ao meu lado na mesa redonda do nosso almoço.
– Hey... Desculpem a demora. - Ela sorriu para todos ali.
– Estava se arrumando até agora? - Ashley disse, rindo.
– Ou se perdeu mesmo? - Scooter perguntou.
– Me perdi... - Ela mordeu o lábio e começou a rir. Todos riram.
– Vou providenciar um mapa para você, pode deixar. - Scooter disse, rindo.
– Não se preocupe, eu busco ela e levo ela para todos os lugares. - Eu disse, demonstrando segundas intenções descaradamente no que eu disse, mas na brincadeira.
– Oooown! - Ashley disse, rindo.
– Oooown que... bonitiiinho... É... Agora cheeega. - Scooter disse, fazendo voz de menininha e cortando o meu barato. Não aguentei e comecei a rir muito.
– Você realmente não me entende, Scooter. - Eu disse, rindo.
– É, não te entendo, Don Juan! - Scooter ria.
O almoço foi servido para todos ali e continuávamos a rir. As brincadeiras não cessavam nem naquela hora, ao contrário, chegavam a ficar piores.
Durante o almoço, teve várias vezes que o meu olhar se encontrava com o de Julie. Era algo tão natural, nos entendíamos apenas com um olhar.
Depois de cada um se alimentar, continuamos na mesa para conversar um pouco. Planejamos o que faríamos mais tarde.
– Que tal todos nós formos à piscina daqui a pouco? O dia está lindo, ensolarado, nada melhor do que aquela piscina que tem nesse Resort. - Usher propôs.
– Ah, eu concordo plenamente. Não vejo a hora de me afogar nessas águas, sério! - Ashley disse, sorrindo.
– É uma ideia adorável. - Pattie disse, concordando.
– O salão principal vai ficar reservado para nós essa noite, então, no nosso jantar, teremos tudo o que for possível ter naquele salão! - Scooter disse.
– Perfeito então! - Julie sorriu, animada. - Ahm... Eu acho que vou dar um passeio pela praia, quero ver como ela é...
– Eu vou com você. - Eu disse, me levantando e estendendo a mão para ela.
Ela olhou para mim e sorriu, surpresa.
– Perfeito. - Pegou a minha mão e se levantou.
– Sabe que eu também estava querendo... - Ashley começou a falar.
– Tomar um sorvete? ÓTIMA IDEIA! - Scooter interrompeu ela. - Garçon!
Julie riu da discrição deles e me olhou, eu também ri. Eram incontáveis as vezes que Scooter nos deixava a sós na maior cara de pau e cheio de segundas intenções.
Fui com Julie até a praia que não era muito longe do salão ali. Eu já conhecia muito bem aquele local, então não me preocupei. Ela tirou as sapatilhas e andou descalça na areia.
O dia estava a favor dela.
O sol fazia os olhos dela ficarem mais claros e sua feição ficava mais alegre, mais viva. A brisa um tanto forte fazia o cabelo dela esvoaçar de um jeito perfeito. Ela chegava perto do mar e as ondas tocavam seus pés delicados. Ela estava linda. E eu... fascinado.
A cada segundo eu tinha mais certeza do que eu sentia.
A cada segundo eu me fascinava mais por aquela brasileira.
Ela me impressionava. Ela era tão viva, tão divertida.
Ela dançava na praia conforme o vento a levava. Ela sorria para mim e me puxava para perto dela.
E era ali que eu queria estar, perto dela.
Nós apostávamos corrida e eu até levei ela de cavalinho correndo por um bom tempo. Corremos tanto que até caímos no chão, nos sujando na areia.
– Ah! Você não existe! - Ela ria comigo, ambos jogados na areia.
– Existo sim... Ainda bem que eu existo... Se não existisse não estaria com você agora... - Eu ria, olhando para ela.
– E isso seria muito ruim. - Ela sorriu para mim.
Aproximei minha mão to rosto dela e tirei uma mecha que estava no seu rosto. Ela sorriu e nos encaramos por um tempo, até que eu me sentei na areia. Ela fez o mesmo.
– O que foi? - Ela perguntava, de uma forma doce, preocupada comigo.
Eu não sabia responder a pergunta dela. Eu queria saber, mas não sabia.
Olhei para ela e novamente ela estava tão perto. Seus olhos estavam tão brilhantes e olhavam para mim de uma forma tão doce.
Eu não conseguiria resistir. Se eu não fizesse isso agora eu iria me arrepender.
– Julie... Eu... Não sei se eu estou fazendo a coisa certa, mas... - Eu olhava para ela. Ela me escutava atentamente. - Se eu não fizer eu sei que eu vou ficar a vida inteira pensando no que poderia ter sido.
– O que quer dizer, Justin? - Ela me perguntava, tentando entender.
– Se lembra do que dissemos um ao outro no primeiro dia que nos conhecemos? A gente não sabia nada um do outro e já tínhamos essa ligação evidente. Eu sei disso porque eu senti isso. E... Depois desses dias com você, eu não me imagino sem você na minha vida. Eu não sei se você sente a mesma coisa do que eu mas... Eu queria pelo menos tentar. Eu queria saber se você não queria sair comigo... como num... encontro.
Pronto, falei. Foi difícil e eu não sabia o que esperar. Meu coração estava quase saindo pela boca. Eu nunca fiquei tão tenso assim perto de uma garota.
Era tudo tão novo para mim.
Eu estava com medo, sim, do que poderia vir a seguir.
Porém, como sempre, ela me surpreendeu.
Em vez de um fora, ela sorriu para mim. Em vez de sair de perto, ela me olhou de um jeito feliz, radiante. Eu não entendia.
– Eu vou adorar... - Ela sorria e parecia feliz por eu ter feito o que fiz.
Não consegui deixar de sorrir também.
Ela se levantou e limpou a roupa da areia. Eu não entendi, mas me levantei e a olhei.
– O que foi? - Eu sorri, olhando-a.
– Não sei... De repente eu sinto que posso fazer qualquer coisa que eu quiser... - Ela disse, de um jeito meigo.
– Por exemplo...? - Eu perguntei, curioso.
– Feche os olhos. - Ela disse, eu olhei desconfiado para ela. - Feche!
– Está bem... - Eu ri e fechei os olhos.
Ela me deu um beijo no rosto e depois sussurrou no meu ouvido.
– Eu duvido que você me alcance. - Ela riu e começou a correr para o mar.
Eu abri os olhos e ri. Tirei o tênis e corri atrás dela. Entrando no mar com ela, de roupa e tudo. Ela atacava água em mim e eu retribuia os ataques. Ela gritava e atacava freneticamente. Eu gargalhava e corria até ela, pegando ela e colocando-a em meu ombro, sem deixar que ela possa sair. Ela me dava tapas até que eu a coloquei no chão, ela se desequilibrou e caiu com tudo no mar, se molhando completamente. Eu comecei a rir, até que ela me puxou e eu cai ao lado dela, me molhando também.
– Isso não teve graça! - Eu disse, indignado, porém rindo.
– Teve sim! - Ela ria demais.
Eu me levantei e a ajudei a se levantar. Ela voltou a correr de mim e eu corria atrás dela, até que a alcancei e a abracei por trás, tirando-a do chão e rindo. Quando ela voltou ao chão, pediu para eu ficar parado e andou para trás alguns passos.
– Me pega? - Ela disse, rindo.
Eu apenas abri os braços. Ela sorriu e correu na minha direção, toda molhada, e se jogou nos meus braços. Girei ela no ar, sem deixar de sorrir.
Quando coloquei ela no chão, ela ficou bem perto de mim. Estávamos molhados e sozinhos naquela parte da praia. Ela abraçou minha cintura e sorriu para mim. Olhei-a por alguns segundos, admirando-a.
– Você é tão linda... - Eu disse.
– Você é tão lindo... - Ela disse, rindo de leve.
Acariciei um lado do rosto dela com a mão e dei um beijo no outro. Depois do beijo eu a olhei, eu tinha certeza que estava com a maior cara de bobo.
Eu olhava seus olhos, seus lábios, seu sorriso, seu rosto. Sem conseguir ter preferência por apenas um. Eu estava louco por aquela garota. E a cada segundo ela me fazia ficar ainda mais louco por ela.
– Onde você esteve minha vida inteira? - Eu perguntei.
– Não sei... E não importa... O que importa é onde eu vou estar daqui para frente... - Ela disse. Sempre sabia as coisas certas a se dizer.
E ela estava certa.
Logo saímos da praia e fomos nos preparar para o nosso encontro. Cancelamos com o resto do pessoal, afinal, queríamos uma noite só nossa.
Combinamos de nos encontrar no salão superior às 19h. Eu adorava aquele salão superior. Ele ficava na cobertura do hotel, um lugar muito romântico. Tinha mesas bem decoradas e flores por todo o local.
Depois de combinar isso com ela, me encontrei com o gerente do hotel, reservei a cobertura pela noite inteira só para mim e para Julie. Pedi para que tivesse uma banda especial lá, com direito a violinistas e instrumentos disponíveis para mim. Queria que tudo fosse perfeito. Passei mais ou menos uma hora planejando tudo com o gerente, que foi muito gentil comigo por sinal. No fim, tudo parecia perfeito.
Corri para o meu quarto e fui tomar um banho. Saí do banho e sequei o cabelo com uma toalha, depois com um pouco de secador, joguei para o lado e pisquei para o espelho.
– Hoje é o seu dia, cara. - Eu disse para mim mesmo, depois ri por estar falando sozinho.
Eu estava mais do que feliz. Eu me sentia o cara mais sortudo do mundo e não porque eu vendia milhares de CDs ou porque eu tinha milhares de fãs. Mas sim porque pela primeira vez eu estava sentindo como é estar apaixonado por alguém.
E nada poderia superar isso.
Depois de secar o cabelo, chamei a minha mãe e contei tudo para ela. Ela me ajudou a escolher a melhor roupa e eu me troquei para o encontro com Julie. Poderia apostar que ela estava fazendo a mesma coisa, só que com Ashley.
Coloquei uma calça mais social, porém confortável. Coloquei o meu colete preto, com uma camisa social cinza por baixo e uma gravata cinza mais escura e brilhosa, para combinar com algumas partes do colete. Coloquei um tênis preto naquela noite.
Eu queria estar apresentável para ela. Queria que a noite fosse perfeita para ela. Queria fazer ela feliz. Queria ver aquele sorriso que ela sempre me dá. O meu sorriso.
Julie tinha certas coisas que ela só fazia comigo. Por exemplo, ela tinha um sorriso comigo que era diferente do sorriso que ela dava para outras pessoas. Ela tinha um olhar diferente também. Ela ria mais abertamente comigo.
Eu estava no banheiro ajeitando a gravata quando minha mãe ficou na porta me olhando.
– Já achou a resposta para as suas perguntas? - Ela me perguntou.
– Você já sabia, não era? - Eu olhei para ela.
– Sim... - Ela sorriu, docemente.
– Você sempre sabe tudo... - Eu sorri.
– E eu fico muito feliz por você... Ela é uma garota ótima. - Minha mãe disse.
– Obrigado mãe... Significa muito. - Eu sorri e abracei ela.
– Ah, meu garotinho está crescendo. - Ela disse, rindo.
– Já cresci faz tempo mãe... - Eu sorri e fui olhar no relógio que horas eram. - Bom... São 18h30... Eu vou subir lá agora para ver se está tudo certo...
– Vai lá... Depois me conte tudo! - Ela ria.
– Nem tudo mãe, nem tudo... - Eu ri e sai pela porta. Encarei a porta do quarto de Julie que estava fechada. Mas logo comecei a rir porque conseguia ouvir os gritos de Ashley, de praxe.
Subi pelo elevador à cobertura e gostei do que vi.
Os funcionários do hotel deixaram tudo perfeito.
Desde a saída do elevador, eles fizeram um caminho curvatório de pequenas velas redondas que levavam até uma única mesa na cobertura inteira. Mesa que por acaso estava rodeada de pétalas brancas. Na cobertura, havia vários vasos de flores brancas e vermelhas. Várias velas e iluminações variadas. Em um canto estava a banda com tudo que tinha direito. Parecia uma pequena orquestra. Também havia um espaço como se fosse uma pista de dança, com os pisos levemente iluminados.
O gerente me mostrou tudo e depois eu chequei o menu com ele. Agradeci a ele e disse que tudo estava perfeito e que agora era só esperar que a minha Favorite Girl aparecesse.
Não deu muito mais do que 19h para que eu visse o barulho do elevador abrindo. Me levantei e fiquei na frente da mesa, no final do caminho de velas.
Assim que ela entrou, eu abri a minha boca. Fiquei com uma cara de bobo incrível. Ela estava perfeita. Mais do que já é. Mais impressionado eu não poderia estar.
Ela estava com uma dessas saias de cintura alta na cor roxa, minha cor preferida. Uma blusa regata branca e um sapato no estilo boneca. Estava delicada e estilosa ao mesmo tempo. Ela usava alguns colares delicados e apenas um lado de seu cabelo estava preso por uma flor branca com detalhes de roxo nas pétalas. Seu cabelo também tinha leves cachos nas pontas, o que a deixava com uma aparência sutil e feminina.
Eu engoli seco. Cheguei a pensar que ela era muito para mim.
Ela olhava a decoração, admirando-a. Sua mão estava na boca, demonstrando sua incredulidade sobre o que eu tinha feito para o nosso encontro. Ela se aproximou de mim, sorrindo.
– Você fez tudo isso... para mim? - Ela disse, emocionada.
Eu sorri radiante por ver que ela tinha aprovado tudo.
– Sim... Por que você merece... Você merece tudo do melhor, tudo de mais perfeito e é isso que eu quero dar a você. - Eu disse, pegando nas mãos dela e entrelaçando-as nas minhas.
– Você... Eu não sei nem o que dizer... - Ela sorria. Não de qualquer maneira, ela me dava o meu sorriso.
– Não precisa dizer nada... Só sorria e seja quem você é... Que é isso que mais me fascina em você. - Eu disse, soltando uma das mãos dela e trazendo a outra para perto da minha boca, onde eu dei um beijo.
Ela sorriu e então nós sentamos na mesa. O maitre se aproximou e nos disse o que teria aquela noite. Nós conversamos um pouco e logo nosso jantar foi servido. Comemos e achamos tudo delicioso. Enquanto acontecia tudo isso, a banda tocava umas músicas românticas de fundo, que ela por acaso adorou.
Depois que nós dois terminamos nosso jantar, eu peguei a mão dela na mesa e olhei em seus olhos.
– Me dá a honra de uma dança?
Seus olhos brilharam e ela sorriu.
– Será um prazer.
Me levantei e segurando sua mão, a levei para a pista. A banda entendeu o que aconteceria e tocou uma de minhas músicas, assim como o combinado da surpresa que eu faria para ela.
Eles começaram a tocar Never Let You Go.
Chegamos ao centro da pista e aproximei meu corpo do dela, colocando minhas mãos em sua cintura, tendo ela em meus braços. A medida que a minha música tocava, eu comecei a cantar.
– They say that hate has been sent, so let loose the talk of love... Before that, I thought a kiss, baby give me one last hug. There's a dream that I've been chasing... Want so badly for it to be reality... And when you hold my hand then I understand that it's meant to be, cuz baby when you're with me... It's like an angel came by and took me to heaven, cuz when I stare in your eyes... It couldn't be better. So let the music it blast, we gon' do our dance. Praise the doubters on... They don't matter at all. Cuz this life's too long... And it's much too strong... So baby no for sure I'll never let you go...
Eu cantava com tanta emoção, com tanto sentimento, com tanta intensidade como eu nunca tinha cantado antes. Eu cantei aquela música com um significado, com uma razão, com um propósito.
Eu via os olhos dela se encherem de lágrimas. Não de tristeza mas de emoção. Por algum motivo eu adorava ver aquilo... Ver que ela tinha sentimentos.
Ela não me deixou terminar a música.
– Justin... Eu não consigo imaginar nada melhor do que esse momento com você... Ou melhor, do que todos os nossos momentos juntos. São tão perfeitos, tão inesquecíveis... Eu sou quem eu quero ser com você e não preciso provar nada à ninguém... Não preciso sorrir para que pensem que eu estou feliz, não preciso fingir nada... Eu posso apenas... sentir. Sentir de verdade, ser feliz de verdade. Eu simplesmente não consigo me imaginar mais sem você... - Ela tocou o meu rosto com a sua mão delicada. - Aconteceu tantas coisas na minha vida que você ainda não sabe... Mas... Isso não importa mais porque toda a tristeza do meu passado foi dissipada no dia que eu te conheci. Você me deu esperanças, me deu vontade de viver e de ser feliz... Eu quero que...
Uma lágrima escorria pelo rosto dela. Ela estava sendo tão sincera, tão intensa. Porém eu sentia que ela estava tão confusa, que não sabia o que pensar sobre tudo aquilo.
– Eu não consigo acreditar que tudo isso está realmente acontecendo... - Ela continuou dizendo, sorrindo, enquanto chorava. - Eu... Você é tudo que eu sempre quis... Tudo que eu preciso, tudo que eu desejo.
Coloquei meu dedo indicador sob seus lábios, fazendo ela parar de falar por um momento. Olhei em seus olhos por alguns segundos e sorri de leve.
– Julie... Eu estou... Completamente... Apaixonado por você. - Eu sorri para ela e acariciei o seu rosto, limpando o caminho que a lágrima percorreu com o meu polegar, delicadamente. - E não há nada que eu possa fazer a respeito... Por que é algo tão certo... É a única certeza que eu tenho e eu quero que isso nunca acabe... Nunca quero que você vá... Nunca quero te perder e eu nunca vou deixar você ir...
Ela me olhava de uma forma tão incrível que eu não conseguia nem descrever. De um jeito como se ela não conseguisse conter a felicidade. Seus olhos praticamente sorriam, um sorriso de alma. Seus olhos que brilhavam por causa das lágrimas agora brilhavam por felicidade.
– Estou completamente apaixonada por você também, Justin... - Ela sorria para mim. - E eu nunca vou deixar você.
Eu fechei os olhos e encostei a minha testa na dela, apenas sentindo aquele momento. Sentindo aquele sentimento enorme que chegava a fazer meu peito doer.
Como eu a queria. Como eu a desejava. Como eu queria fazer ela ser a garota mais feliz do universo. Como eu queria ser para sempre o dono daquele sorriso e daquele olhar.
Abri meus olhos e vi que ela também tinha fechado os seus. Nossas testas ainda estavam se tocando, eu olhava em seus olhos. Logo sussurrei para ela:
– Eu quero que você seja minha... Quero te ter em meus braços sempre. Quero poder dizer a todos que você é minha, quero que o mundo inteiro saiba que eu sou o cara mais feliz do mundo e que eu farei de tudo para você você seja a garota mais feliz do mundo. Quero poder te beijar e sentir toda a nossa paixão pelos seus lábios. Quero estar...
– Sempre ao seu lado. - Ela me completou e sorriu.
Eu retribui o sorriso e peguei seu rosto com uma de minhas mãos, deixando que a outra mão continue em sua cintura, me certificando de que ela não ficaria longe de mim.
Acariciei o seu rosto e fechei os olhos. Aproximei meu rosto do dela e nossos lábios se tocaram, encaixando-se perfeitamente. Eu a beijei. A beijei como nunca havia beijado outra garota. Quis beijá-la como nunca quis beijar outra garota. Ela retribuia o meu beijo na mesma intensidade, na mesma harmonia.
Foi ali que a nossa história de amor começou. Começou de um jeito lindo, de um jeito único, sem nenhuma data para acabar. Nenhuma.
Nosso amor poderia ser contado numa história, num filme, numa música.
Porém, ninguém além de nós dois um dia conseguiria entender o que é realmente esse amor.
Por que ele é único.
E será assim sempre...
Sempre e para sempre.
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Ananda aqui.
O que estão achando amores?
Postem nos comentários :DD

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